Jalepão
O louco e a perfeita desordem
O veraneio homicida e os detalhes sórdidos
A tristeza entreaberta entre os versos de solidão lunar.
Sou o mosquito que a boca aberta vai se alimentar
Sou o cãozinho putrefato numa estrada em Januário.
Que janeiro nasceu Jacinto já jogador de jalepão.
Sou o poeta louco
E o parágrafo sem vida.
Sou a bandeira torta
duma nação míope distorcida.
Sou a redundância,
o incremento,
O aposto,
O virulento
Sou o sábio contemporâneo e vão gentil
Sou romântico de linguajar inútil puéril.
Sou a sombra
da bomba atômica
Destruí castelo
E fiz estradas
Atiei o rastelo
e pendurei as enxadas.
Sou o profeta cego
o falso atalaia
Sou os degraus da igreja
ou uma casa de swing.
Eu quebro o ritmo
o batuque, o espírito
Escrevo erado
Lápis cansado
Cinzeiro elementar
Sou um eclipse
Em tons de âmbar
Sou a santa corja
um demônio mediterrâneo
Sou o anjo silfio
linho nobre puro nardo
Eu sopro os quatro ventos
Chamo a maré alta
Sou filho do tempo
índio da mata.
Mas do meu jeito estranho
Eu sempre serei seu