OCULTA
Não eu não tenho a coragem suficiente
enquanto estou sentada nessa mesa pequenina
com meus cabelos esvoaçantes
me deito sobre o seu peitoral enorme e mamilos
e acompanho a sua respiração lenta me esforçando
para não escorregar para dentro de você
a tua pele amortece o impacto
descubro nossas dimensões no blecaute
surpreendentemente da minha cartola
desenrolam-se fios cobertos de nós e de pontas
e cordas de vinte metros
que me suspendem até o alto
e me fazem ter a emoção nova de 'suspiro'
quando os consolantes se entregam
ao sabor de uma viagem de barco
graças do temporário agora sem
saber que existe
o que há de mais misterioso e oculto e sagrado
e não pode entrar em nenhuma literatura
e ser lido à fogueira
numa noite simpática piscando os olhinhos
de fato tudo ficará em ruínas
assim que não saberem que quedo
me sento na borda da cama
e mastigo a manhã
de fato é melhor deixarem os impérios
fora disso
e escorregar para qualquer mato à beira de estrada
cala a boca e rabisca teu número na minha mão
nas capas dos discos, nas costas da madrugada
me arranha, me fala, me come
deixa de ser interessante e fanático
que eu vou soltar os cachorros em você
que eu vou chorar e mamãe não escuta
eu vou solar baixinho perto dos seus ouvidos
pérolas, conchas, pedrinhas, vidros, areia,
espuma, imensidão, música,
ritmias, revoluções, sobrevoos, paisagens,
paragens, coqueiro
um vento batendo em um coqueiro em uma ilha
deserto
cê puxa a cadeira e vem conversar
você está bem aqui
indicado em todos os seus sentidos
descobrir é um braço do aceitar
o outro braço é ver, coração veloz!