OCULTA

Não eu não tenho a coragem suficiente

enquanto estou sentada nessa mesa pequenina

com meus cabelos esvoaçantes

me deito sobre o seu peitoral enorme e mamilos

e acompanho a sua respiração lenta me esforçando

para não escorregar para dentro de você

a tua pele amortece o impacto

descubro nossas dimensões no blecaute

surpreendentemente da minha cartola

desenrolam-se fios cobertos de nós e de pontas

e cordas de vinte metros

que me suspendem até o alto

e me fazem ter a emoção nova de 'suspiro'

quando os consolantes se entregam

ao sabor de uma viagem de barco

graças do temporário agora sem

saber que existe

o que há de mais misterioso e oculto e sagrado

e não pode entrar em nenhuma literatura

e ser lido à fogueira

numa noite simpática piscando os olhinhos

de fato tudo ficará em ruínas

assim que não saberem que quedo

me sento na borda da cama

e mastigo a manhã

de fato é melhor deixarem os impérios

fora disso

e escorregar para qualquer mato à beira de estrada

cala a boca e rabisca teu número na minha mão

nas capas dos discos, nas costas da madrugada

me arranha, me fala, me come

deixa de ser interessante e fanático

que eu vou soltar os cachorros em você

que eu vou chorar e mamãe não escuta

eu vou solar baixinho perto dos seus ouvidos

pérolas, conchas, pedrinhas, vidros, areia,

espuma, imensidão, música,

ritmias, revoluções, sobrevoos, paisagens,

paragens, coqueiro

um vento batendo em um coqueiro em uma ilha

deserto

cê puxa a cadeira e vem conversar

você está bem aqui

indicado em todos os seus sentidos

descobrir é um braço do aceitar

o outro braço é ver, coração veloz!

Eli Jardel Alexandre
Enviado por Eli Jardel Alexandre em 24/10/2023
Reeditado em 24/10/2023
Código do texto: T7916193
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