Semente resiliente
No seio da terra, a semente repousa, segura e protegida,
Aconchegada em seu punhado de solo, sente-se acolhida.
Desperta com a carícia do calor transmitido,
Revela-se ao mundo, radiante e destemida.
Com suas folhas, pétalas e perfumes a exibir,
A primeira tempestade, no entanto, vem a ferir.
Rouba-lhe o perfume e as pétalas macias,
Mas ainda resistem suas folhas e espinhos com maestria.
A tempestade insiste, furiosa e implacável,
Mas as folhas e os espinhos permanecem inabaláveis.
Apenas uma parte é levada por sua força avassaladora,
Enquanto a semente se agarra à terra, ainda segura.
Em seus galhos, um botão ousa surgir,
Negro como a noite, sem luar a reluzir.
A segunda tormenta se ergue, implacável e assustadora,
E o botão é o primeiro a ceder, em sua trajetória traiçoeira.
Logo, as folhas resistentes também se rendem,
A tormenta persiste, mas a semente não se ofende.
Acredita que sua força reside em seus espinhos,
Enquanto a tormenta parte, levando consigo apenas os adornos.
Ainda resta a terra, para confortá-la e abraçá-la,
Mas então, a pior das tormentas vem, sem esperança alguma.
Gritos silenciosos ecoam na terra desolada e erma,
Arrancam os espinhos com dor extrema.
A semente tenta, desesperadamente, agarrar-se à terra querida,
Mas a fúria dos céus a puxa com força decidida.
O furacão cruel e impiedoso mostra sua face,
Despoja a semente da terra, sem dar-lhe espaço ou chance.
A terra que já não protege e os espinhos também se vão,
A coifa é arrancada, e a semente clama em vão.
Seus gritos ecoam, mas ninguém pode ouvir,
E assim esta jornada tem fim