Semente resiliente

No seio da terra, a semente repousa, segura e protegida,

Aconchegada em seu punhado de solo, sente-se acolhida.

Desperta com a carícia do calor transmitido,

Revela-se ao mundo, radiante e destemida.

Com suas folhas, pétalas e perfumes a exibir,

A primeira tempestade, no entanto, vem a ferir.

Rouba-lhe o perfume e as pétalas macias,

Mas ainda resistem suas folhas e espinhos com maestria.

A tempestade insiste, furiosa e implacável,

Mas as folhas e os espinhos permanecem inabaláveis.

Apenas uma parte é levada por sua força avassaladora,

Enquanto a semente se agarra à terra, ainda segura.

Em seus galhos, um botão ousa surgir,

Negro como a noite, sem luar a reluzir.

A segunda tormenta se ergue, implacável e assustadora,

E o botão é o primeiro a ceder, em sua trajetória traiçoeira.

Logo, as folhas resistentes também se rendem,

A tormenta persiste, mas a semente não se ofende.

Acredita que sua força reside em seus espinhos,

Enquanto a tormenta parte, levando consigo apenas os adornos.

Ainda resta a terra, para confortá-la e abraçá-la,

Mas então, a pior das tormentas vem, sem esperança alguma.

Gritos silenciosos ecoam na terra desolada e erma,

Arrancam os espinhos com dor extrema.

A semente tenta, desesperadamente, agarrar-se à terra querida,

Mas a fúria dos céus a puxa com força decidida.

O furacão cruel e impiedoso mostra sua face,

Despoja a semente da terra, sem dar-lhe espaço ou chance.

A terra que já não protege e os espinhos também se vão,

A coifa é arrancada, e a semente clama em vão.

Seus gritos ecoam, mas ninguém pode ouvir,

E assim esta jornada tem fim

Glimnetoura
Enviado por Glimnetoura em 20/09/2023
Código do texto: T7890389
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