Hypnos
Há um preço para me conhecer, o teatro carregado do meu peito
Eu vou tomar de volta todos os sentimentos das tuas entranhas
Há um preço para condenar meus pecados, o purgatório se espremerá
Eu vou transmutar os teus segredos nos meus olhos e denuncia-los
Há um preço para lamber meu sexo
Toda companhia e suas múltiplas facetas
Calçar logotipos como se fossem hospícios
A cada loucura dessa é um nome a quem deliro
Há um preço alto demais ao amar-me
Venho instruído de devoção e cinismo
Quinzenalmente, criaturas saltam da cova entre os dentes
Diariamente, perambulo pelas esquinas da mente
A ironia que te espanta me regenera
Há trinta anos de silêncio nessa boca fechada
Desembrulha insetos desse estômago
Testemunha um trabalho predatório de subserviência
Tire os olhos de mim, enquanto me desnudo feridas
Um striptease contendo toda a repugnância
Os joelhos tortos que são mais pele do que osso
Resultam em uma operação com garfos usados
Eis aqui, teu tesouro
As cinzas de minha cólera
Já não suporto ou tenho força
Para revoltar-me contra o mundo
Ressurgi a vida com asas de baratas
Está uma necessidade banal de ver-me
Entoco-me num covil antes que me desejem
Refundir a aparência frente ao público
Despejar o samba a algum Orfeu
Escrever póstumas desorientações
Enganar a piedade de Bacantes a própria sorte
Quem sabe definir a língua como um revólver