Tropeçar em poço de pensamentos
Ando, ando, ando
Ando até meus pés aprenderem
A andarem sozinhos, automáticos
Para que minha mente possa
Parar de correr, desacelerar
Desligar, suavizar, acalmar
Num momento de susto, tropecei
Continuei andando, mas minha mente tropeçou em um buraco, um poço
Cheio de pensamentos limpos e cristalinos
Tão evidentes, claros e óbvios para mim
Cada pensamento era anatomicamente
Intimamente ligado ao outro, feito
Gotas de água abraçadas
Siamesas e aglutinadas
Superfície como ponto de início
E sem fundo como final
Pois cada extremidade é aparentemente
E fundamentalmente igual
Afasto as águas para ficar longe deles
Porém quando as afasto, elas voltam
Até mim, retribuindo a força que usei
Para afastá-los, estou envolto, abraçado
E amarrado neles
O único jeito de sair seria se meu corpo
Que anda puxasse meu corpo de fora do poço
Para que voltasse a andar sobre duas pernas
Juntamente com ele