Sôpro de Agosto
Os olhos se rasgam,
se contorcem,
as mãos crepitam sobre a testa,
as lágrimas voam de célula em célula,
os cabelos tremem e se curvam.
O corpo é um lago vazio
onde habita um monstro chamado silencio.
É uma jarra quebrada,
é um mar cujas ondas vacilam sobre as rochas,
onde um barco nebuloso encalhou
e aguarda o resgate.
Abraço a dor,
e a realidade é essa
que compra consciencias,
a que o hoje parece ser o que resta desse culto às sombras.
E não posso deixar de me derramar
dentro dessa argila:
Deus tem que existir!