Alma Arcaica
Num torpor etéreo, vasto e profundo,
Teço em versos a história do isolamento,
O homem só, em eras esquecido e imundo,
Em um mundo onírico, em sombra e tormento.
Os dias solitários, eternos e longos,
Ecoam ecos de um passado arcaico,
Em séculos perdidos, murmúrios rongos,
O ser errante, cabisbaixo e enigmático.
Nas noites frias, estrelas lacrimejam,
Lamentos antigos de almas isoladas,
Ecos que atravessam a mente que vaguejam,
Emaranhados em teias de memórias trancadas.
Desabrocham sombras de épocas remotas,
Pinturas surreais de melancolia e dor,
Na aura do tempo, em miragens ignotas,
Pairam fantasmas que assombram com furor.
No labirinto das almas, encontro perdido,
Nessa solidão, o eu se fragmenta e desatina,
Preso entre o passado e um futuro tolhido,
Na dança do absurdo, a realidade se afina.
E o eco das vozes ancestrais ressoa,
Cantando louvores a um presente obscuro,
Na solitude, a essência humana se abarroa,
Em devaneios surrealistas, o sonho mais puro.
O isolamento social, em véu enigmático,
É fio tênue, que une os tempos, se embaraça,
Entre o arcaico e o moderno, paradoxo poético,
Somos todos, afinal, partículas da mesma massa.