A lei do espelho
O alterego, ao ver-se no espelho,
Enxerga a face oculta de Narciso,
No jeito, nos trejeitos, no sorriso…
Num quadro virtual de tom vermelho.
E ouve, como chuva de granizo,
As batidas do próprio coração.
E guarda na retina essa visão,
Como Dante ao chegar no paraíso.
No espelho do ego, o alter ego
Tateia na retina, como cego,
Até achar o quadro de Narciso.
É quando ele descobre, finalmente,
Que o espelho guarda, pensa e sente,
Fantasmas que lhe habitam o juízo.