SORTILÉGIO

 



 

Por trás das grades de dentes,

Escondido em um sorriso tranquilo

Resfolega o animal furioso,

Cuja face se esconde

Por trás das janelas dos olhos,

Mancha negra na íris azul,

Quase imperceptível.

 

Seu rugido reprimido

Quer explodir peito afora,

Mas não – não é permitido,

Ou quem sabe, aconselhável,

Pois isso seria mal visto.

 

O animal acuado

Aparentemente manso

Dilacera em mil pedaços

Com a força do pensamento

Sua vítima distraída

A qualquer momento.

 

Sobre as costas do animal

Um sonho que não é seu

Sobre o que não lhe pertence;

Um futuro embrulhado

Jogado no alpendre.

 

No seio da noite silenciosa

Ele arma um pensamento,

Ele mira seu alvo adormecido,

E atira a fúria malsã.

 

De repente, alguém desperta

Assustado

Às três da manhã.

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 26/06/2023
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