Visitando a Escadaria de Jacó
Brincando ao redor da Escadaria de Jacó
Revi velhos amigos, reencontrei minha avó
Deu-me conselhos e estranhos alertas
Mandou deitar-me, me cobriu de grossas cobertas
Retirou teias sujas das minhas entranhas
Puxava através da pele; doía mas era cura
Eu suava e tremia de frio, desprotegido e só
Enquanto subia os degraus da Escadaria de Jacó
Olhando para o alto da Escadaria de Jacó
Avistava o telhado das casas da minha rua, meu jardim
E do alto do teto do meu quarto eu olhava pra cima e olhava pra mim.
A escada era de pedra, era de luz, era de nada
Era ora íngreme, larga e reta, ora tortuosa e estreita
Em delírio sentia as carícias da mão da Morte à espreita
Que pacientemente transforma a tudo e a todos em pó
E apesar da escuridão e da brisa fria, eu seguia, e subia
E nada temia, pois havia luz
no final da Escadaria de Jacó
Que bom seria se todos os loucos sonhassem as mesmas loucuras
E pela fé cega dos loucos o mundo se remodelaria
Mas a loucura é um claustro que nos afasta da realidade
E nos dessensibiliza das dores de quem nos cerca
E nos cantos dos sorrisos percebemos as tristezas
De quem volta para casa e vê vazia a mesa, cheia de saudades
E pílulas, drogas, doenças e solidão convidam os ainda vivos
A uma breve visita a um outro mundo que parece ser melhor
Onde o corpo fica leve, e o ar é sempre limpo e o sol é sempre ameno
E todo infortúnio fica pequeno
ao subir a Escadaria de Jacó