Soneto surreal VIII
Já não tenho neurônios pra repor
Os espaços vazios na memória.
Tampouco encher as valas da história,
Seja história de ódio ou de amor.
Já não sinto nas veias o calor
Quando o sangue visita a minha entranha.
Já não sinto na alma a paz tamanha,
Que a rosa empresta ao beija-flor.
Já não sinto saudade do passado.
Já não sonho dormindo ou acordado.
Já não sei se sou eu ou arremedo…
Já não sei se escrevo a poesia,
Que esconde e revela o que eu sentia
Quando tinha neurônios de brinquedo.