Soneto surreal VII
Se Augusto dos Anjos fosse vivo,
Jamais escarraria em sua boca.
Ainda que por ele fosses louca,
E o seu coração fosse cativo.
O escarro, mulher, é tão nocivo
Quanto o pus da caverna pulmonar,
Que supura na hora de beijar,
Apesar de não ter um só motivo.
Mas Augusto morreu! Que Deus o tenha!
E mesmo que a saudade esteja prenha
Da inumanidade "do não ser"...
O beijo, esquecido no catarro,
Não há de dar ao último cigarro,
Um fogo de paixão pra acender.