Soneto de humor surreal
Ontem meu coração virou carbono,
No incêndio da minha inspiração,
Como um calo de sangue no carvão,
Que queimou junto as folhas do outono.
Ontem ladrei, tal como o cão sem dono
Que comeu a orelha de Van Gogh.
Deletei as mensagens do meu blog
E, de tanto dormir, perdi o sono.
Hoje meu coração, carbonizado,
Choraminga em meu peito, qual um fado
De Amália Rodrigues sem Gardel...
Amanhã, já de novo coração,
Vou circular na circunvolução,
Como cocô num rolo de papel.