Rimas perdidas no tempo
Quisera ter a lira forte,
e o peito ardente,
na sinfonia do leal netuno.
Sai dos mares, netuno,
vem à tona,
falar da grandeza,
do universo.
Cada gota de orvalho que evapora,
em fumaça se esvai para as alturas,
para cair novamente sempre, sem,
no entanto, macular a própria estrutura.
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No fio da teia de aranha,
jaz a mosca,
inerte
Ela repousa.
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No grito lancinante que ecoa,
nos confins do universo paralelo,
no universo em que vivo na pessoa,
nem mesmo sei dizer o que espero.
A raposa que uiva dentro da noite,
procurando encontrar o seu parceiro,
quando uiva, o que ouve o vento ecoa,
em resposta ao seu próprio desespero.
Só, aqui estou agora,
procurando encontrar minha razão
que perdi e, se perdi, não sei onde,
só encontro minha própria solidão.
27/10/82