SALTIMBANCO BLUES
O guitarrista faiscante esfacela sua reluzente guitarra,
enquanto o velho vulcão só consegue soltar um ou outro impropério,
resultante de tanta carne podre mal digerida através dos séculos.
Composta de pele e vértebras, mas decomposta pelo grito ácido,
arranca a teen ager leader o bico da teta e com ele faz piruetas
entre o nariz e o queixo, atirando urros e beijos,
no mesmo momento que a terra estremece e uma vela aparece.
Coincidência ou não, seu tresloucado brinco perfura o único olho
do músico míope, o qual, chocado, atira-se sobre a platéia,
fazendo emergir das tripas estrofes cobertas de glória e de sangue.
Penetra o facho goela abaixo e esguicha pelo traseiro peidos ululantes,
tal qual hinos consumistas explodindo muito longe,
mas quem come bananas de dinamite arrota raios
e, se não tomar cuidado, morre de indigestão.
No entanto, a pivete se limita a molhar os dedos no próprio sexo.
O êxtase não precisa vir a acontecer durante o silêncio . . .
A quinta corda do violão é a corda do blues,
quando arrebenta, não desafina,
mas rasga a calcinha e enforca o clitóris.
O êxtase não precisa vir a acontecer durante o silêncio . . .