Paradoxo platônico

Ele estava indo embora, era sua última despedida daquele lugar

Não haviam lembranças boas, se houveram foram apagadas

Dez anos depois, aquela praça central em que tanto caminhou

Era apenas um amontoado de pessoas e palavras desencontradas

Porém, o desafio que viria na nova cidade, excitava seus pensamentos

Pois estava indo ao encontro de uma nova vida, novas esperanças

E assim deu a última olhada naquele local, certo que o esqueceria logo

De repente, no meio de tanta gente, eis que dois olhares se lançam

E surpreendido pela emoção, ele quase não acreditou no que via

Uma rara beleza, graça especial cujos lábios tocaram seu coração

Com olhar desconfiado, gerou lhe um misto de ansiedade e paz

Mas sua expressão confirmou que sentiam a mesma sensação

Mesmo sem uma palavra, disseram muita coisa com os olhos

Ele se perguntou em segundos: porque tinha que ser assim

Agora que estou me despedindo, você me aparece do nada?

De onde surgiu essa linda mulher que se apossou de mim?

O destino é mesmo uma coisa muito engraçada, pensou ele

Escondeu você nesses dez anos vividos nessa cidade

E de repente me apresenta da maneira mais inusitada possível

No dia da minha saída de cena, encontro minha maior felicidade

Mas logo recobrando os sentidos e ainda um pouco hipnotizado

De maneira mais consciente embora ainda um pouco atônito

Ele viu que era apenas sua mente atormentada com a despedida

E que aquele amor era surreal e somente um simples paradoxo platônico

Pacelle
Enviado por Pacelle em 24/12/2022
Código do texto: T7678870
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