Paradoxo platônico
Ele estava indo embora, era sua última despedida daquele lugar
Não haviam lembranças boas, se houveram foram apagadas
Dez anos depois, aquela praça central em que tanto caminhou
Era apenas um amontoado de pessoas e palavras desencontradas
Porém, o desafio que viria na nova cidade, excitava seus pensamentos
Pois estava indo ao encontro de uma nova vida, novas esperanças
E assim deu a última olhada naquele local, certo que o esqueceria logo
De repente, no meio de tanta gente, eis que dois olhares se lançam
E surpreendido pela emoção, ele quase não acreditou no que via
Uma rara beleza, graça especial cujos lábios tocaram seu coração
Com olhar desconfiado, gerou lhe um misto de ansiedade e paz
Mas sua expressão confirmou que sentiam a mesma sensação
Mesmo sem uma palavra, disseram muita coisa com os olhos
Ele se perguntou em segundos: porque tinha que ser assim
Agora que estou me despedindo, você me aparece do nada?
De onde surgiu essa linda mulher que se apossou de mim?
O destino é mesmo uma coisa muito engraçada, pensou ele
Escondeu você nesses dez anos vividos nessa cidade
E de repente me apresenta da maneira mais inusitada possível
No dia da minha saída de cena, encontro minha maior felicidade
Mas logo recobrando os sentidos e ainda um pouco hipnotizado
De maneira mais consciente embora ainda um pouco atônito
Ele viu que era apenas sua mente atormentada com a despedida
E que aquele amor era surreal e somente um simples paradoxo platônico