Terceira Pedra Imaterial

Minha noção do hoje é uma inacabada pintura

Exibindo articulações de voluntária revolta

Na arrítmica dança da solidão e da loucura

A intolerância de meu reino

Ressuscita em meu ego a amplitude de minha dissidência

Compondo no presente um futuro de total decadência

Eu contemplo a infinitude do universo nas tênues linhas

Decrépito desfalecer de mãos tocando ervas daninhas

São os caminhos do pecado trazendo as chaves de novas sinas

Nada mais importa....

Como nunca tanto importou até agora

Nesses negros dias, a nau da mentira nossas praias aporta

Busca infundada, a busca pela verdade

Habitando o indecifrável, possuindo o indesejável

Renascença reversa, um mergulho na desvaidade

Uma noite o inesquecível atormentou-me a memória

Trazendo-me a dúbia interpretação da vitória

Revelando-me o amargo sabor da inglória

Agora busco o imortal brilho da supernova

Contemplando em anos-luz a breve saga até a própria cova

Desfazendo a ilusão estelar num espaço que o tempo reprova

Na escuridão, vemos as suspeitas de nossa intuição

Na escuridão, o que nos protege é nossa indecisão

Na escuridão, revelam-se nosso medo, nossa imperfeição

Todos os escombros caem sobre mim

Quando minha ira transforma-se num grito de pavor

Na terceira pedra imaterial, semeio o sangue do novo valor

Soem o alarme, ouçam o clangor da batalha que se inicia

Para subjugar o tirano que nossos cérebros aprisiona

Abracem o novo tempo que, despido da injustiça, se anuncia

Isaque
Enviado por Isaque em 06/12/2007
Reeditado em 12/01/2008
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