Terceira Pedra Imaterial
Minha noção do hoje é uma inacabada pintura
Exibindo articulações de voluntária revolta
Na arrítmica dança da solidão e da loucura
A intolerância de meu reino
Ressuscita em meu ego a amplitude de minha dissidência
Compondo no presente um futuro de total decadência
Eu contemplo a infinitude do universo nas tênues linhas
Decrépito desfalecer de mãos tocando ervas daninhas
São os caminhos do pecado trazendo as chaves de novas sinas
Nada mais importa....
Como nunca tanto importou até agora
Nesses negros dias, a nau da mentira nossas praias aporta
Busca infundada, a busca pela verdade
Habitando o indecifrável, possuindo o indesejável
Renascença reversa, um mergulho na desvaidade
Uma noite o inesquecível atormentou-me a memória
Trazendo-me a dúbia interpretação da vitória
Revelando-me o amargo sabor da inglória
Agora busco o imortal brilho da supernova
Contemplando em anos-luz a breve saga até a própria cova
Desfazendo a ilusão estelar num espaço que o tempo reprova
Na escuridão, vemos as suspeitas de nossa intuição
Na escuridão, o que nos protege é nossa indecisão
Na escuridão, revelam-se nosso medo, nossa imperfeição
Todos os escombros caem sobre mim
Quando minha ira transforma-se num grito de pavor
Na terceira pedra imaterial, semeio o sangue do novo valor
Soem o alarme, ouçam o clangor da batalha que se inicia
Para subjugar o tirano que nossos cérebros aprisiona
Abracem o novo tempo que, despido da injustiça, se anuncia