Bruma

E me cativa, misteriosa, a bruma

Que perspicaz me abraça a silhueta

Que turva a minha tristeza

Impedindo-me de lamentar

Qualquer dor latente

Que se queira demorar

E me cativa, misteriosa, a bruma

Que baila no assobio do vento

Enquanto formosa encobre

Como véu de noiva

Um rio que transborda colérico

No mais profundo da mim

E me cativa, misteriosa, a bruma

Que esconde o meu semblante

Outrora combalido

Da patética crença utópica

De uma felicidade contínua

Pintando sorrisos em faces desfiguradas

Me cativa, misteriosa, a bruma

Que me revela o breu

Enquanto corro contra o sol

Que todos buscam

Num anseio desenfreado

Enquanto se perdem, cá eu me acho

E me cativa, misteriosa, a bruma

Que me tira a clareza

Acarla
Enviado por Acarla em 29/11/2022
Reeditado em 22/04/2024
Código do texto: T7660323
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