Bruma
E me cativa, misteriosa, a bruma
Que perspicaz me abraça a silhueta
Que turva a minha tristeza
Impedindo-me de lamentar
Qualquer dor latente
Que se queira demorar
E me cativa, misteriosa, a bruma
Que baila no assobio do vento
Enquanto formosa encobre
Como véu de noiva
Um rio que transborda colérico
No mais profundo da mim
E me cativa, misteriosa, a bruma
Que esconde o meu semblante
Outrora combalido
Da patética crença utópica
De uma felicidade contínua
Pintando sorrisos em faces desfiguradas
Me cativa, misteriosa, a bruma
Que me revela o breu
Enquanto corro contra o sol
Que todos buscam
Num anseio desenfreado
Enquanto se perdem, cá eu me acho
E me cativa, misteriosa, a bruma
Que me tira a clareza