AMOR SURREALISTA
Vai chover mas o céu permanece no tom azul puro
As montanhas isoladas têm grama saudável e limpa
E quando a noite apertar, não temo tudo estar escuro
Dance uma valsa comigo no meio da rua, na luz extinta
A lua brilhante é levemente azul, sua mão gentil me faz ir para o norte e para o sul
Não há privações, a sociedade não nos impede: linda é a noite de tom azul
Subo nos postes, percorro quilômetros, o cansaço do tédio não me acha
Linda é a mulher que me acompanha, homem de sorte eu sou
Nossa consistência é massinha de modelar, quase tudo se encaixa
Dormimos em qualquer lugar, nossa vida é um stop-motion
Onde mesmo sendo rústico, é lindo, é genial, é arte
Não há monotonia, nossa vida é uma chama que arde
Vem pra perto de mim, guria das antigas
Das que amam cartas, das que abraçam flores
Das que se debruçam na janela a ouvir cantigas
Gostam de serenatas, poemas, o mais puro dos amores
Que não é carnal, que é pelo olhar, pelas janelas da alma
Eu sei quando sua alma está vivendo uma falsa calma
Essa noite o vento noturno não passa despercebido
Essa noite eu reconheço, te tenho como meu auxílio
Eu não aguento o seu sorriso
Eu não aguento o sol que ilumina os seus cílios
E quando ele sair, vamos andar sobre as nuvens até alcançá-lo
Vamos pular na lua quando ela chegar, contemplar o vácuo
Eu quero me fundir com você, espírito com espírito, eterno
Me fundir até o cerne mais profundo da alma, até que não haja mais dois, apenas um único indivíduo
Até que nos tornemos em água de chuva, escorrendo no inverno
Sofrendo cristalizações e derretendo, sendo algo abstrato e profundo, de difícil compreensão, incompreendido
Mesmo que os vitrais percam a graça, seus olhos castanhos nunca perdem
Mesmo que sejamos efêmeros como as nuvens, a poesia dessa vida ainda é verde