A persistência da memória
Deparo-me diante de uma grandiosidade,
unidade no espaço, descompassado,
aquebrantado em metades opostas,
caminhos a trilhar,
convulsão no pensar,
síntese sem explicar,
eis um querer viajar, vagar no traço do artista
pintar, esmiuçar, dividir no infinito,
derreter o pensar,
absolver como alimento em decomposição,
se desintegrar, levar a alma ao limite da profunda reflexão,
pisar na paisagem sem comunhão,
natureza engrenagem, longicuo embate na plenitude da íris,
eis a questão,
imóvel, inerte, sem perdão, sem proteção
Eis a persistência da memória
arte em exposição
mistério alterando o tempo
fora do tempo, fora do padrão;
Da Vinci abriu como num derreter de um vulcão,
todo o horror da morte alheia, apresentando
aos criadores dos corpos sem alma, aquilo que
a memória rejeita.
no abismo entre a realidade e a ilusão; prevaleceu
como despedida, o último suspiro, a última dor,
O ultimo impulso!