Nada nos pertence
Nunca cheguei a ter-te neste nível da vida
Porque simplesmente o eras de outrem
Tanta ilusão, tolices eu tive, até fui a lida
Não me pertencias! eras sim de outro alguém
Vagueei no tempo e por lá fiz muita coisa
Fui vendedor, fiz de aprendiz, fui bobo e até Rei
Empalhei garrafões, vindimei, me chamusquei
Foi um sei lá de profissões, mas de nome nunca mudei
Mudar de nome é como nos tirarem a identidade
Nos chamarem de Ptolomeu, Eros ou mesmo Gentil
Queria isso sim teu coração sem reservas nem piedade
Desejava ter teu sonho para eu guardar, no meu covil
Mas infelizmente não era possível, em nada devia mexer
Pertences a outro autor que te adoptou e por ti se afeiçoou
Para quê sofrer de alto se sozinho o sei, posso e devo fazer
Foste, nada há mais a fazer, foi passado, era lindo acabou!
Ali está nossa sina! está traçada, nada a pode desviar
Já foi bom ter-te conhecido, destino ou não tudo acabou
Acabou o que tanto desejava, veio alguém para te levar
Deu tempo só para dizer adeus, pois aqui tudo se findou
Autoria: A. Manuel de Campos