ONZE HORAS E DOIS MOMENTOS
Eram exatas onze horas e dois momentos,
quando a mulher descalça pôs um pé sobre a plataforma
e deu de ombros para os sinais piscantes apagados.
Estranha é a misericórdia do Universo . . .
Estranha é a misericórdia do Universo . . .
Eram onze horas e dois momentos,
quando o espaço, pressionado pelo silêncio,
ameaçou se contrair e expelir pelo rabo
todos os seus sentimentos.
Estranha é a misericórdia do Universo . . .
Estranha é a misericórdia do Universo . . .
Eram onze horas passadas e dois momentos,
quando o homem-águia finalmente fica livre
de sua carcaça e pode se atirar ao vento
emergindo do hiperespaço, justamente a tempo
de roubar um beijo.