FECHAR OS OLHOS
Então que em pura atitude e rebeldia
(sem causa
sem lenço
nem documento)
ergui
o olhar
para os céus
ali vislumbrando mil estrelas
desvendando
os segredos do passado
e os infinitos caminhos do cosmos
vi
rochas em chamas
cristais de gelo
cometas envoltos em aura
havia
cem cores e mil matizes
almas infindáveis
percebi que contemplava
as infinitas páginas de livros
tratados de astronomia eternos
inspirações de canções de ninar
segundos secretos
antecipando carícias de amantes
viva bilac
que amava estrelas
antes
não soubesse
as eternas batalhas estelares
nuvens de gás átomos em fusão
galáxias canibais
o Universo
arredio e selvagem em evolução
nas células das bactérias
ou núcleos dos astros fulgurantes
o mesmo sol que aquece
pode um dia tragar a Terra?
o mesmo oceano em que navego
pode arrasar a mais alta cidade
após terremotos e vulcões?
tudo nesta selva da existência
quer sobreviver
talvez seja a hora
em que o maior dos anarquistas
o mais debochado dos hereges
comandando debates em rede social
deva devagar cerrar seus olhos