Morte e Vida Paulista ou Falta Uma Noite de Verão Para a Morte de Baco
Corpos turvos pela noite
Ninguém sabe, ninguém conhece
Distorce com sombras e neblina
A fumaça que embaralha personas
Cigarros enquanto panos dançam
Licores entreolham-se sabendo
De sua abstinência decorativa:
Havia uma promessa finda entre eles
Copos de vidro sabiam enfeitar
Noites americanas que mentiam
Roteiros estavam prontos, mise en scène
Recriadas de laboratórios e discursos farmacêuticos
Eu quis pertencer com toda a minha disciplina
A quem esteve em mim para extrair
Fiapos de vaidade, fiapos de glórias
Para fazer malabarismos com a língua com as sobras de linha
A noite se enrola como um algoz
Marcando a visita com seus dentes
Clame em meus olhos um conforto só teu
Intuindo para si o vulto do meu futuro
Receio invadia meus músculos
Mas ninguém ousou atear fogo no asfalto
Ninguém reconheceu meu corpo, mesmo que suas vozes
Fossem tão presentes no fundo de minha memória
Vago nos intervalos que luas de neon
Banham tecelagens em que Teseu mentira à abóboras
Ou Medusa convencida a prestar regimes semiabertos
Aos olhos de Ícaro em êxtase pelo fascínio da descoberta
A avenida prestigia meu samba desacato
Destoando de nomes e navalhas
Desconhecendo o perigo que cada sorriso
A meia luz pode oferecer...