Areia

 

Árida e branca,

Estende-se em dunas sinuosas

Diante do escaldante espaço

Onde não crescerão as rosas.

 

Esconde-se entre os dedos dos pés que a pisam,

Sob as meias-luas das unhas,

Nas bainhas das vestes,

Por entre os fios dos cabelos.

 

Às vezes, ela é aspirada,

Causando a tosse

Que expele os pulmões

Congestionados.

 

A areia se ergue em espirais de vento,

Suas formas sinuosas

Transmutam-se em pessoas, e flores,e casas,

E montes, e nuvens, e rios,

Seus sons de contínuous assobios

Cantam aos pés dos ouvidos

Áridas canções de desatinos.

 

Depois ela deita-se, calma e silenciosa,

Cansada de querer ser mais que simples areia,

Deixando, finalmente, crescerem as rosas...

 

 

 

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 01/07/2022
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