Em pedaços
Fragmentado
Como elos perdidos,
Estilhaçados por um machado
Despedaçados, partidos
Como eu, vítima das espumas
Sem volta, e emparelhado
Com ele, o velho e bom medo
Trazido pelas águas, pelas brumas
Escavei as areias de todos os desertos
Porque pensei, ali poderia achar os meus elos
Deixei até de temer as víboras e escorpiões
Abandonada aos cactos, às solidões
Fui caçada pelos bosques de onde veio o inverno
Para saciar as tripas dos leões em fome
E percorri à pé as cidades dos povos do inferno
Porque talvez, algum passante encontrou meu nome
Dos meus elos, só sei que são perdidos
E uma vez que encontrar os estilhaços
Uma vez que voltar a formar a corrente em pedaços
Verei no espelho, meus olhos roxos e inchados
E então me lavarei, me vestirei de branco
Sacarei de minha espada, e de cabelos soltos,
Irei sem mais, sem espera
Para enfrentar a ti, o lado escuro da terra.