ANTE O MURMÚREO DA FONTE
Ao som do murmúreo
De uma fonte de águas ternas
Eu escuto a paz
Que desliza sobre as pedras
Com toda a delicadeza
Para fazer a minh'alma sonhar
No seu voo de inspiração e deleite.
As águas entoam
Nas profundezas do meu coração
Um vagaroso desejo de renovação,
Assim como se refazem as copas
Das árvores exuberantes e centenárias.
Por meio do fluir incessante
Dessas águas cheias de vida,
Eu me sinto leve
Para refazer os meus pensamentos e ideias
Tal como o fluxo do devir sempre faz
Na dinâmica da própria vida.
Tais murmúreos permitem
Um devaneio tranquilo
Em vez do confronto que subsiste
Nas ondas revoltas dos mares.
E é nessa serenidade que eu consigo
Deixar aflorar poemas inteiros
Que se movimentam no meu ser
De uma forma cautelosa e musical
Como as ondulações harmônicas
Das águas claras de um rio
Em sua brilhante formosura.