Canto dos insanos
É só um frio e triste momento
Cortando-me a mente em dois
É só um frio e triste momento
Que se corrói intrinsecamente
Nas ruas escuras de meu viver
Foco-me perdido em meu pesar
Buscando soluções em conflito
Que são buscas intermináveis...
No existente tempo atemporal
Penso na noite sombria do dia...
E na porta que é o céu do paraíso
E a chave que abre a luz do saber
O Blues ê a dose certa pra aliviar
Essa alma cansada em desespero
Quando fico silencioso e reflexivo
Fico no pensativo e no imaginário
Do momento de querer encontrar
As duas partes iguais do meu ego
E poder tornar uma só tal persona
Seria formidável e não haver dores
Apenas sorrisos e lágrimas de amor
Do meu eu, de minha personalidade.
Assim sou eu o mero infinito transe!
Entre a essência desse bem e do mal
Cruzando esse meu caminho em vida
São faíscas, são trovões e relâmpagos.
Que desafia-me numa implacável fúria
No apocalipse febril da vida cotidiana
Vivo numa casa fria, mórbida e vazia!
Com paredes de tons cinza e nubladas
Essa sonoridade é lenta e progressiva
É Pink Floyd no toca-discos analógico
Essas formas das coisas não importam
O importante é essa tal bela cor surreal
No ímpeto súbito ouço vozes e passos
São delírios ou são perdidas memórias?
Onde lembrar nem sempre é possível
Ao raiar do dia de todas essas manhãs
Que eu um dia eu andei tanto por aqui
Quando eu era uma criança que sonhou
Sei que não voltará mais aquela emoção
De sentir plena pura ingênua felicidade.
TEXTO DO LIVRO:
ABSTRAÇÃO POÉTICA. 2017.