Clamor

Quem tem olhos leia,

O clamor, escrito nas veias

Diz que para ouvir

É preciso quebrar as amarras

Afiar as garras

E se ímbuir, do conteúdo

São ideias emaranhadas

Leves, profundas, reticentes

Em caracol disciplinado

Espalha semente encrostada

De nojo, revolta e veneno

Sem métrica ou rima

Cruzando palavras ferinas

Com o amargo da vida

E o doce do mel selvagem

Que aponta a lança da morte

Para todos, sem Complacência

Verter o licor do marasmo

Deglutir o sabor do ocaso

Eterno anoitecer da alma

Enfrentar o calor do descenso

Se quiser sorver a verdade

Se despir das alegorias

Andar com os pés no chão

Voar nas insólitas conversões

Beba coragem, inspire-se

Sem pressa, sem desaventos

E sem perda de tempo