Engolida por uma Estrela

Eu vou reconstruir minha morada natural

A partir dos destroços do infortuno círculo

De substâncias falsas que tenta me encadear.

Eu vou fazer da mais nítida transparência

Da alma concebida serena

E acalmar as conturbadas águas

Dos sete mares de minha mente,

Para que a ânsia dos meus pensamentos

Possa assim não ser mera loucura.

Vou despertar os deuses para que possam

Ordenar os elementos da nossa existência

E transformar em ouro o nosso amanhã

Fazer de minha idade um dia doce.

Fazer do que parece comum e banal

A extraordinária fantasia

De chuva de luzes sublimes

Se atirando sobre nossos sonhos,

Cobrindo de um espetáculo possuidor

Da mais maravilhosa excentricidade.

Eu vou fazer os planetas se alinharem, um a um,

Apenas para que a nossa visão

Tenha o inconstante privilégio da absurda beleza

Que nasce do infinito.

Eu vou abrir os mais enferrujados portões

Dos destinos mais inesperados

Para que em nossos caminhos

Sempre estejam as inquietas estrelas

A nos iluminar diante da infindável

Sustentação mais fina que se mostra aos nossos olhos.

Eu vou fazer do desconhecido,

Um símbolo de nossas vidas,

A vida de nossos delírios.

Eu vou plantar nos jardins escondidos

De nossos espíritos

A flor de mais pura paz e de mais vívidas cores,

Que será a cura indiscutível de toda intimidação.

Eu vou me dispersar na terra de valor único

E espantar a multidão tediosa

E não convidada para meu banquete.

Celebrar as lágrimas que derramam o tempo

Nos vales da solitude amena em meu espaço.

Eu vou gritar e ouvir o som nostálgico da minha voz

Se espalhando sem rumo definido

Pelas ruas onde o vento rodeia.

Eu vou encher do sorriso mais expressivo

Da vitória mais dificilmente alcançada

Os rostos daqueles por quem,

De alguma forma, tenho amor.

Salvar a infeliz pronúncia de ódio

Cantar a música da imaginação

Na união de súplicas pela alegria.