Baú da morte
Sei que tenho o costume de me jogar no chão
Não queria ser tão acostumado com essas quedas
Se eu me afastar de ti, peço perdão
Não queria ter ferido outras pessoas nessas quedas
Talvez eu me prenda muito ao pessimismo
Queria ter a tal dose de esperança e ser contente
Ser um homem banhado com otimismo
E ter um abraço acoledor e ardente
Me jogaram num frio copo de rum e a deriva
Feito pirata me jogo nesse oceano quebradiço
Não sei se é a tinta, mas algo nessa caneta me desmotiva
Talvez essa mistura podre que tornou-me mestiço
Não procuro a virtude de ser bem olhado pelos puros
Mas sim a liberdade lírica de continuar versando
E um pouco de vinho para manter-me ébrio
Feito sereia eu afoguei todas aquelas mágoas como marinheiro d’água doce
Na garganta do diabo eu empurrei todo aquele álcool
E no enjoo do balançar do barco fico em estado de ressaca
Aqueles homens roubaram todo meu tesouro
Não há motivos para esconder minhas lâminas
E nem sequer para continuar escrevendo…