Amiga Sombra

Cinza companheira sombra.

Inseparável silhueta de mim.

Tanto tempo me acompanhas,

desde o início, sempre assim.

Amiga que às vezes faz que foge,

e sabe muito bem, que não podes;

finges que se vai de mim...

Corre de lado, afunila, fundes.

Curva-se, dobra-se e mimetiza-se

mas de mim nunca se esquiva.

Mesmo nas noites de luz de vela

ainda mais presente se faz!

sob a luz dos luares amarelos

nunca deixas de participar...

Sombra, amiga inseparável

Amiga casta.

Heróica parte de nós, que se arrasta.

Seu ser, por si só se basta.

Fiel como um cão

sempre colada ao chão,

e leve como fumaça.

Herança que recebi da luz

intacta, silenciosa e vasta.

Leve e solta até sobre as águas.

Nunca perde sua personalidade.

Parte de nós tão inesquecivelmente

poderosa.

Sombra que nunca se assombra.

complemento simples de meus tons,

em meus passos e abraços.

Ser completo indelével,

muitas vezes esquecida, mas

presente em tudo!

Partícipe de nossa vida.

Seu destino se mistura com sua origem

a única coisa que pode destruí-la,

é seu próprio reflexo.

inexorável nexo...

Parte minha e todas as obras.

Não se verga às sombras

porém delas se faz também.

Sombra, afável invólucro.

Por vezes desaparece aos olhos,

mas mostra-se por assombro,

um afetuoso manto ombro;

acalmando-nos com seu toque,

aliviando-nos do calor.

Equilíbrio elo da intenção do prelo

sombra.

Complemento fundamental matiz,

intocável enigma.

justa forma companheira.

Sei que partirei um dia,

invisível serei.

Á luz que cega alcançarei...

Tu, porém de mim,

nem mesmo assim,

deixará de ser,

a amiga derradeira...

José Tadeu Alves
Enviado por José Tadeu Alves em 19/11/2007
Reeditado em 31/10/2016
Código do texto: T743672
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