Pétalas de Inês
Como são as coisas
quando olhas e não vês
entre lírios e arbustos
que os cravos são justos
ao julgarem as pétalas de Inês
no jardim em que repousas.
Doravante, só os brócolis
e outras verduras
apaziguarão tua fome
e todo animal que comes
rirá das tuas caricaturas
tão vazias de isótopos.
Olvidas ver no âmago
inefável volúpia insondável,
meretrizes de aluguel;
mais tarde, sob o céu
o segredo do imponderável
revelar-se-á âmbar.
No tocante a mim
sou só espírito errante,
um desencarnado, um sem corpo;
mais vivo do que morto
olhando tudo e todos do mirante
posto numa torre de marfim.
Guerra, paz, contendas mil
por incontáveis eras
e tempos indeterminados;
exterminamos e fomos exterminados
por projéteis de quimeras
disparados por algum fuzil.
Sobraram corpos e feridos,
armaduras e armas
que o santo inventou.
E, em nome do amor
produzimos novos carmas
abatendo e sendo abatidos.