Gaiola de Tolos

Temos a alma ardente e inquieta

Perambulante sob nuvens de dúvidas

Numa trilha que a agita, a afeta

Vivendo lado a lado com o extermínio

Recolhendo no ar vestígios de nossa existência

Nas cinzas de antigos pergaminhos

Cargas aos servos, ouro à mão-de-ferro

Sangue de sofridos dorsos, lágrimas de velhos remorsos

Numa overdose psicológica, numa ilusão demagógica

Nas esquinas da salvação

O caminho, a verdade e a vida

Cercando-nos com onerosas ofertas - tentação

Agora a velha prostituta queima páginas de devassidão

Uma criança da lua em mágica combustão

Ceifando nas pontes para o Éden toda a vida, toda paixão

São os contornos do tempo

Presenteando-nos com devaneios de incenso

Na gaiola dos tolos, grades de canseira e desalento

Na noite de todos os pecados e heresias

Aos muitos deuses lançamos clamores em demasia

Aprisionados, guiados por tentáculos de esperanças vazias

O amor nos é negado num cerco de loucura

Em êxtase de absinto, o inconsciente deturpa-lhe a doçura

Aurora tornada em crepúsculo, perdendo sua brancura

Destinamos o inferno aos mais fortes

Talhando a eternidade em paredes de fumegantes mortes

Nos infiéis enredos vividos até por reis e suas consortes

Isaque
Enviado por Isaque em 18/11/2007
Reeditado em 19/11/2007
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