Gaiola de Tolos
Temos a alma ardente e inquieta
Perambulante sob nuvens de dúvidas
Numa trilha que a agita, a afeta
Vivendo lado a lado com o extermínio
Recolhendo no ar vestígios de nossa existência
Nas cinzas de antigos pergaminhos
Cargas aos servos, ouro à mão-de-ferro
Sangue de sofridos dorsos, lágrimas de velhos remorsos
Numa overdose psicológica, numa ilusão demagógica
Nas esquinas da salvação
O caminho, a verdade e a vida
Cercando-nos com onerosas ofertas - tentação
Agora a velha prostituta queima páginas de devassidão
Uma criança da lua em mágica combustão
Ceifando nas pontes para o Éden toda a vida, toda paixão
São os contornos do tempo
Presenteando-nos com devaneios de incenso
Na gaiola dos tolos, grades de canseira e desalento
Na noite de todos os pecados e heresias
Aos muitos deuses lançamos clamores em demasia
Aprisionados, guiados por tentáculos de esperanças vazias
O amor nos é negado num cerco de loucura
Em êxtase de absinto, o inconsciente deturpa-lhe a doçura
Aurora tornada em crepúsculo, perdendo sua brancura
Destinamos o inferno aos mais fortes
Talhando a eternidade em paredes de fumegantes mortes
Nos infiéis enredos vividos até por reis e suas consortes