O POETA E O JARDIM
Na manhã de etéreas flores
Caía uma chuva feroz.
No Jardim enfeitado,
Sob os pingos celestes,
O Poeta andarilho
Sentou-se num banco
E tirou do bolso o seu último escrito.
- Era um poema sobre árvores.
E poemas sobre árvores
São sempre mais puros,
Mais fecundos, mais belos...
Foi então que,
aos beijos da tempestade
O papel, frágil e delicado como as rosas,
Se desfez por entre os dedos,
Caiu no chão
E levou embora,
para sempre,
Os seus versos.
O Poeta então sorriu.
Sua poesia agora viraria semente
E brotaria da terra.