Dos livros e o rio
Não vi os livros da Feira
Nem sei se os jacarandás floriram.
Sei dos prédios mudos e solenes
Que nas madrugadas
Fazem companhia
Aos ébrios e fantasmas
Que vagueiam
Por entre balaios e estandes.
Hoje é quinta-feira.
Também não vi o rio
No seu desaguar sonolento e frio
Na busca constante da Lagoa.
Não vi o porto, nesta quinta-feira
Com seus vitrais lapidados
Desgastados pelo vento.
Hoje é quinta-feira
E segue a vida transfigurada
Assim como corre o rio
Brilhante espelho d’água.
Nem os barcos eu quis ver
Nem os balaios remexi
Nem páginas, nem lombadas
Nada vi, nesta quinta-feira
Quem sabe os livros terei, na próxima primavera...