Efeito borboleta
30/05/2010
.... Acordo atônito, ao olhar o visor do celular quase se apagando vejo de relance 03:19hs.
Levanto sonolento, o banheiro é a direita digo a mim mesmo tentando não errar o caminho. Existe apenas breu e um silêncio aterrador.
Como de costume escovo os dentes todas as vezes que acordo. Retorno a escrivaninha que há muito não utilizo.
Cuidadosamente retiro a Olivette de seu plástico protetivo com um cuidado quase desnecessário. O cheiro de tinta é reconfortante, as teclas são convidativas, sinto-me bem como há muito não sentia.
Pego meu esquecido isqueiro, com um toque sutil acendo um cigarro, ainda fitando aquelas teclas que chamam meu nome. Existe apenas luz naquele momento, quando o isqueiro se fecha a escuridão novamente invade o espaço pouco iluminado. Sem muita vontade ascendo o abjajur antigo, presente de alguém que não me lembro, é possível ver as trevas recuarem e se tornarem apenas sombras nos móveis antigos.
Acendo outro cigarro.
O cheiro de tinta fresca e óleo de máquina agora fazem parte do quarto onde estou; ouço apenas as batidas do meu coração, parece que não existe mundo, nem pessoas, apenas escuridão e silêncio.
Enquanto carrego a máquina com papel recém tirado da resma sofro um pequeno corte, duas ou três gotas de sangue se misturam ao papel logo no início, coisa normal, tenho preguiça de trocá-lo.
Pouco a pouco ajeito o enquadramento do papel, acho que é hora, estou pronto.
Começo com a data dessa história, dessa causo; dessa linha distorcida do que chamamos de tempo e relato o que tem me tirado o sono a meses sempre as 03:19hs.
Estou sonhando, um sonho bom acredito, não me lembro bem, ouço ao fundo algo estranho, quase inadiável, existe luz chegando.
Estou num bar, existem outras pessoas ao redor, existe música, estou feliz. Um homem toca meu ombro e pergunta:
" - Seu celular está tocando, não vai atender?"
Meu celular? Respondo.
" Número desconhecido"
Acordo.
30/05/2010
.... Acordo atônito, ao olhar o visor do celular quase se apagando vejo de relance 03:19hs.
Levanto sonolento, o banheiro é a direita digo a mim mesmo tentando não errar o caminho...
Paschoal, George