Abstração
Abraçam-se amores-carocóis,
quais sombras sensuais do abstrato.
A alma se revela em um retrato
como fosse centelha de dois sóis.
A ceia do artista tinge o prato,
enquanto eriça o seio da paixão,
que, rijo, se entrega à mesma mão
que torna cada risco um mesmo ato.
A poesia brinca em cada traço,
como se apertasse o abraço
até chegar ao ponto de fusão.
E cá, do outro lado da vidraça,
há um poeta grato pela graça
de ter o privilégio da visão.
Abraçam-se amores-carocóis,
quais sombras sensuais do abstrato.
A alma se revela em um retrato
como fosse centelha de dois sóis.
A ceia do artista tinge o prato,
enquanto eriça o seio da paixão,
que, rijo, se entrega à mesma mão
que torna cada risco um mesmo ato.
A poesia brinca em cada traço,
como se apertasse o abraço
até chegar ao ponto de fusão.
E cá, do outro lado da vidraça,
há um poeta grato pela graça
de ter o privilégio da visão.