Ainda Marioneta
Percorrendo caminhos sombrios
a marioneta procura descanso...
Descanso de si mesma... do peso do seu corpo... da sua falta de agilidade...
O seu olhar percorre a multidão à sua frente... tenta encontrar um rosto amigo...
O seu sofrimento passa despercebido...
A indiferença que a rodeia deixa-a prostrada...
Mais um dia termina...
Na sua solidão perscruta o coração humano...
Tenta encontrar nele a tão falada “humanidade”...
Cada vez menos sabe o que tal significa...
A marioneta escuta... escuta...
Procura sentir o bater de um coração...
Ouve tantas vezes dizer: “ – Parece tão humana!”
Ela sabe que metafóricamente bate um coração dentro de si...
Mas que tipo de coração?
Um coração que muda conforme o humor de quem o controla.
Uns dias mais ...
Outros dias menos...
Quase um coração humano...
A marioneta vitimiza-se...
Sente-se bem nesse papel.
A origem da culpa é muito vasta.
É social, é familiar...
É uma fase de crescimento interior dissimulada...
A marioneta perde-se tentando encontrar-se...
Encontra-se tentando não se perder...
Aos poucos ela vai ganhando forças para avançar...
Aos poucos os seus fios ganham vida...
Alimentando os nossos sonhos.
Sobre ela pendem os fios da vida e da morte.
Compilado apartir da peça "Marioneta".