NATURA
(Os Meus Duendes)
Os meus Duendes me alertam
No horizonte dos sentidos
Éter, ar, fogo, me despertam
Pela água e terra que transmutam
O som da música nos ouvidos.
O espaço, expansão e amplitude,
Passam por mim em movimento
P´ la leveza e p´ la inquietude,
Levando ao corpo e à saúde
Energia, sol e encantamento.
Os meus Duendes me agitam
Por fora e por dentro de mim,
Ora permanecem ou transitam
E alguns deles me habitam
Fazendo história e folhetim.
Fazem-me a cabeça em águas
E na fluidez me lubrificam;
São corpo de euforia e mágoas
Na solidez de duras fráguas
Que me suportam e fortificam.
Os meus Duendes são companhia,
Vão comigo de terra em terra,
São equilíbrio e fantasia,
Palácio de tristeza e alegria,
Minha família e minha guerra.
Os meus Duendes, minha escola,
Minha lembrança, meninice,
Minha paixão jogo-da-bola,
Avental de mãe e bitola
Em diabruras e traquinice.
Os meus Duendes e brincadeiras,
Comida de minhas lembranças,
Memórias de muitas maneiras
Em curtas e longas carreiras,
De avanços e contradanças.
Ó Duendes, ó minha Natura
Repleta de regras conformes,
Sois resiliência e formatura
De instâncias e de aventura
Enlaçada em sonhos disformes.
Natura de muitas partidas,
Muitas vezes sem condições
Em horas e noites perdidas,
Foram mil dias e mil vidas,
Mil sentimentos e emoções.
Ó Duendes, quando m´ encontrais
Em qualquer das encruzilhadas,
Quero deixar-vos os meus sinais,
Que são os mesmos dos ancestrais,
Abrindo novas madrugadas!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM