POR TERRAS MOVEDIÇAS
Andei por lugares ermos e perigosos,
Pisei terra movediça e mui traiçoeira,
Não me moveu motivos satisfatórios,
Por recear ser vítima duma ratoeira.
Ratoeira que por sorte não funcionou,
No momento derradeiro ela emperrou,
Escapei por um triz de ficar mui ferido,
Quem ficou na ratoeira foi o inimigo.
Inimigo que desistiu de me prejudicar,
Por algum engenho e arte lhe faltar,
Nem para ferreiro ou sapateiro servia,
Um inútil que nenhum bem merecia.
Merecia outro destino, um precipício
Onde caísse para sumir para sempre,
Tal era a sua inutilidade e desperdício
Que se tornou um indivíduo demente.
Demente passou a ser toda a sua vida,
Ser errante por fim sem eira nem beira,
Deixou pois de ser quem mais temia,
Nem pra espantalho de feira ele servia.
Ruy Serrano - 30.06.2021