Se estas ruas falassem...
De todas essas ruas,
umas são mais tuas,
bem mais nuas,
tão cruas!
Por elas passo , sinto-te!
Reacendendo o braseiro.
Extasio-me ao seu cheiro.
Desejo-te, desejo-te, desejo-te!...
Oh, ruas! Por que renascem sentidas?
Vejo-as ornadas de nada, vazias, sofridas!
Todavia, vão além de todas as avenidas floridas...
Porque juntas aos meus olhos, vivas, eternizam-se!...
Fraquejos assassinos, a que parece, nunca terminam!...
Levam-me além das cidades, roubam-me a liberdade!
Vias famintas, labirinto, fantasias, o meu claustro de desejos!
Em devaneios, toco os teus seios; posso até jurar que te beijo!
Vou pisando os caminhos que jamais se assinam...
Fascina-me o pó destas ruas à que jamais varridas!
Quem dera se despidas, e assim, falassem sem disfarce!
Talvez nunca, nunca, nunca mais se calassem!
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Autoria: ChicosBandRabiscando
Obs.: não sou teórico, apenas escrevo, não sei se poderia
classificar esse poema de Surrealista(?).