Coito dos Abutres

meta-música meta alcançada

um uísque e uma limonada

o vinil toca bacarach

pingos de chuva na lareira

eu perco quilos na esteira

um horizonte perdido na penumbra

stardust em melodias notívagas

lembro a radiola numa sala

meu corpo se arrepia e estala

minha mulher nua na lareira

espalhando fogo nas veias

uivos da madrugada denunciam

tem mulher da rua na esquina

um guarda recebe propina

o coito dos abutres no deserto

em technicolor

uma horda de vikings destroça

as aldeias dos banawás

guardem os ouvidos

pros gemidos dos úteros

da mulher vestida de sol

o dragão do fim dos tempos

não aguenta a lã do cordeiro

vivo

o que olhos não viram

nem ouvidos ouviram

vai berrar nos montes

e vales amordaçados

assim está escrito

assim se cumpra

tomara

que os vincos da minha cara

não assustem as borboletas

minhas ideias obsoletas

não encham o cantil de pólvora

o fim do mundo é uma cantata

que precede a serenata

de um coro sem sal

Matuto Versejador
Enviado por Matuto Versejador em 13/06/2021
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