Coito dos Abutres
meta-música meta alcançada
um uísque e uma limonada
o vinil toca bacarach
pingos de chuva na lareira
eu perco quilos na esteira
um horizonte perdido na penumbra
stardust em melodias notívagas
lembro a radiola numa sala
meu corpo se arrepia e estala
minha mulher nua na lareira
espalhando fogo nas veias
uivos da madrugada denunciam
tem mulher da rua na esquina
um guarda recebe propina
o coito dos abutres no deserto
em technicolor
uma horda de vikings destroça
as aldeias dos banawás
guardem os ouvidos
pros gemidos dos úteros
da mulher vestida de sol
o dragão do fim dos tempos
não aguenta a lã do cordeiro
vivo
o que olhos não viram
nem ouvidos ouviram
vai berrar nos montes
e vales amordaçados
assim está escrito
assim se cumpra
tomara
que os vincos da minha cara
não assustem as borboletas
minhas ideias obsoletas
não encham o cantil de pólvora
o fim do mundo é uma cantata
que precede a serenata
de um coro sem sal