ODE ÀS MUSAS INSÍPIDAS
Nos cruzamentos da vida,
E nos meandros da mente
Deste século corrente,
Ele há musas e mais musas
Numa onda acrescida
De catetos e hipotenusas.
Nos cruzamentos do agir
E, em ampla dimensão
Com ou sem inspiração,
Ele há poetas e há poemas
Que p´ las vias do sentir
Jogam com estratagemas.
Musas são filhas do tempo
E há-as ao virar da esquina
Que navegam, por si, à bolina
Sem saber ler nem escrever
Mas que são contentamento
Despidas de todo o prazer.
Ele há musas – e há-as afáveis –
Nas realidades ou na ficção
Que surgem da imaginação,
Tornando as palavras ríspidas
Quase que indecifráveis
Sem palato e muito insípidas.
Seja qual for a perspectiva
Cada musa vai vagueando
E na insipidez revelando,
Com foros de um recriar,
Uma ondulação à deriva
Em água de rio ou de mar…
Desde o tempo de Pitágoras,
Com fundamento e magia,
Manifesta-se a poesia
Em liras de cordas e som
P´ las avenidas e ágoras
Ornadas de inspiração.
Musas que d´ Apolo sois filhas
Acordai nas madrugadas
Um pouco mais temperadas,
Trazei palavras, trazei versos
Com emoções maravilhas
De sentimentos dispersos.
Quero, ó Musas, que canteis
Com vossa lira maviosa
Uma partitura formosa
Que em meu estro de espanto
Nova melodia gereis
Ao ritmo de um outro canto!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM