Hora do almoço
Disse o outro que os poetas devem deixar de serem brochas para serem bruxos
Como a bela garota que de mariposa virou casulo
Enquanto um besouro passeia entre as folhas e flores de um manacá no quintal, Joana frita um bife pensando se exagerou na pimenta ou no sal.
A agulha da vitrola pula o risco no disco de blues que volta alguns instantes no tempo. A triste harmonia torna seu lamento atonal
Que volta a ser jazz
cuja voz jaz sem jazigo
O besouro pousa num galho, o bife já está no prato
À frente, o perigo
Da morte, da vida, da tarde, dos fatos
O sol a pino fustiga o asfalto e seus transeuntes em seus falhos atos