Soneto without son e sem neto
Invejo a matemática moderna,
capaz de dividir, enquanto soma,
as putas de Gomorra e de Sodoma,
ao mito de Platão sobre a caverna.
Eu sou Saci, só tenho uma perna,
por conta de vulgar filosofia:
a perna que chutou a poesia,
pra muito mais além da vida eterna.
Um dia sou areia sem castelo,
no outro, sou um livro já no prelo:
um plágio quixotesco de Cervantes,
ainda sem orelha e sem prefácio.
Sou um bobo de corte sem palácio,
que deixou pra depois o que foi antes.
Invejo a matemática moderna,
capaz de dividir, enquanto soma,
as putas de Gomorra e de Sodoma,
ao mito de Platão sobre a caverna.
Eu sou Saci, só tenho uma perna,
por conta de vulgar filosofia:
a perna que chutou a poesia,
pra muito mais além da vida eterna.
Um dia sou areia sem castelo,
no outro, sou um livro já no prelo:
um plágio quixotesco de Cervantes,
ainda sem orelha e sem prefácio.
Sou um bobo de corte sem palácio,
que deixou pra depois o que foi antes.