AMPULHETA
E lá se vai um dia,
uma dor, uma alegria,
uma página da história.
Lá se vão tantos instantes,
que nos ponteiros errantes,
são varridos da memória.
No finalzinho do dia,
um feixe de luz flagrou
um bem-te-vi que morria,
num “agora” que passou.
E o silêncio descabido
da ave, sem alarido,
fez brotar um desalento...
Na ampulheta do meu peito,
um movimento desfeito
deixou um vácuo no tempo.
Andra Valladares
04/04/2021