“Os cavaleiros do Apocalipse, apenas quatro, não dão conta do serviço.”
Carlos Drummond de Andrade
A Peste, a Guerra, a Fome, a Morte e o Quinto Cavaleiro do Parnaso.
Em seu cavalo branco, o anticristo
se foi pelas veredas do Parnaso.
Na linha entre a aurora e o ocaso,
dizem que por ali ele foi visto.
Em seu cavalo rubro, escudo raso,
um outro cavaleiro ali foi visto,
com sua espada fina qual o xisto
que derrama betume no Parnaso.
Em seu cavalo preto como o breu
que cai por sob as noites do Parnaso,
com sua jarra funda e prato raso
mais um grã cavaleiro se perdeu.
Num cavalo amarelo, apareceu
o quarto cavaleiro no Parnaso,
que fez dos outros três soldados rasos
e disse que o Parnaso era seu.
O quinto cavaleiro veio à pé:
uma pena na mão, um pergaminho...
e se agachou no meio do caminho,
e defecou no chão a sua fé.
E escreveu, com mijo, sobre o chão:
a peste, a guerra, a fome, a morte são
os quatro cavaleiros da ralé.
Eu sou a indiferença, a omissão...
o quinto cavaleiro, o vilão
que vai botar o mundo em marcha à ré.
Carlos Drummond de Andrade
A Peste, a Guerra, a Fome, a Morte e o Quinto Cavaleiro do Parnaso.
Em seu cavalo branco, o anticristo
se foi pelas veredas do Parnaso.
Na linha entre a aurora e o ocaso,
dizem que por ali ele foi visto.
Em seu cavalo rubro, escudo raso,
um outro cavaleiro ali foi visto,
com sua espada fina qual o xisto
que derrama betume no Parnaso.
Em seu cavalo preto como o breu
que cai por sob as noites do Parnaso,
com sua jarra funda e prato raso
mais um grã cavaleiro se perdeu.
Num cavalo amarelo, apareceu
o quarto cavaleiro no Parnaso,
que fez dos outros três soldados rasos
e disse que o Parnaso era seu.
O quinto cavaleiro veio à pé:
uma pena na mão, um pergaminho...
e se agachou no meio do caminho,
e defecou no chão a sua fé.
E escreveu, com mijo, sobre o chão:
a peste, a guerra, a fome, a morte são
os quatro cavaleiros da ralé.
Eu sou a indiferença, a omissão...
o quinto cavaleiro, o vilão
que vai botar o mundo em marcha à ré.