Morena
Eu beijo ela,
teu corpo retorcido e nu,
pintado em aquarela.
Como vi em manhãs mortas,
a mente é sã, mas o corpo moreno.
Intocado em vestes santas,
transparente sugestivo,
ainda fumo na porta
contemplo-te vazio.
Se é sede, então fogo trás.
Cuspindo ilusões
em todas as direções.
Pálido como o tal
Simeão, curtidor?
"Jamais é eunuco
o capitão que se casou"
Todas as ruas te entregam a mim
Meus passos ávidos por teu suor
Veja em minha retina insana
o reflexo de sua própria cama.
Então formou-se em seu templo
a ideia de pecado em meu delito.
Pelas roupas do seu corpo
arrancando as vestes em tenro delírio.
Morena, traga me um sonho bom,
Que eu não tenha sonhado
Em pretérito angustiante
A palavra me é hesitante
Essas rodovias nos levam ao pó.
Pois que eras, e para sempre fostes
Uma triste marca do que foi-se
E sempre me deixará só.