Astronautas

Ouça os sinos da cidade,

a noite nos persegue,

direita e esquerda,

de ponta a cabeça,

um frenesi sem fim,

talvez estejamos em um filme,

talvez em um desenho animado,

fugindo por cenários psicodélicos,

cores deslumbrantes em vidas tristes,

pulando de capítulo em capítulo,

procurando pelo The End feliz,

dançando sobre as estrelas,

na beira de abismos sem dublês,

tocando teclados imaginários,

buscando a saída do labirinto,

das paredes espelhadas que nos confundem,

das placas de sinalização erradas,

dos pecados que estampam os jornais,

estamos presos no purgatório,

correndo pelas vielas da vida,

com almas que não nos pertencem,

sabendo que o relógio marca o tempo,

não temos mais segundos à perder,

passemos sobre a ponte,

giremos a chave nas fechaduras,

alguma porta há de se abrir,

há cometas brincando no céu de hoje,

enquanto percorremos esse caminho sem mapa,

sigamos então pelas constelações,

e se tudo der errado seremos astronautas sem planetas...